Quando chegam as chuvas, começa também a temporadas das cigarras em Brasília. Impressiona o número de cigarras que deixam o solo para acasalar e reproduzir. Isso pode ser aferido pelo número de cascas presas nas árvores, de indivíduos voando e pela intensidade do canto. Me chamou a atenção, no entorno de algumas árvoes, o número de cigarras que não conseguem completar o processo de saída da casca e morrem sem conseguir reproduzir. Algumas não chegam a sair da casca, muitas não conseguem desdobrar completamente as asas. Devem ser, percentualmente, muito poucas, mas em número suficiente para chamar a atenção.
terça-feira, 9 de novembro de 2010
sábado, 17 de julho de 2010
Colméia gigante
Ao começar a observar e fotografar as árvores floridas de Brasília me dei conta da enorme importância das abelhas para a polinização das flores. A quantidade de abelhas visitando as flores, em alguns casos, é impressionante. Nessas horas, sempre me pergunto: de onde vêm essas abelhas, onde estão as colméias? Para o meu encantamento, no alto de um ipê-roxo, no meio da cidade, descobri uma enorme e belíssima colmeia.
Um vídeo com a colmeia pode ser visto em http://www.youtube.com/watch?v=fTvxHmdDvJk.
sábado, 19 de junho de 2010
Casamento perfeito entre inseto e planta
O encaixe perfeito entre uma flor e seu polinizador, que pode ser um inseto, como uma abelha ou uma vespa, ou um pássaro, como um beija-flor, nos deixa sempre, por mais que já tenhamos visto isso, maravilhados. A foto abaixo mostra uma vespa alimentando-se do nectar da flor de uma planta do cerrado (da família Fabaceae, não sei a espécie ainda).
Observe como o tamanho e a postura da vespa faz com que seu abdome enconste exatamente sobre as anteras e o estigma da flor. A flor tem um formado que oferece uma base perfeita para o pouso e alimentação da vespa. Repare a quantidade de polém aderido à parte de baixo do abdomem da vespa. Será que essa espécie de vespa á a principal polinizadora desta espécie de planta? Diga-se de passagem que essa vespa tem a curiosa caracteristica de levantar o abdomem quando pousada, o que, repita-se, faz com que ela se ajuste com perfeição ao formato da flor.
Observe como o tamanho e a postura da vespa faz com que seu abdome enconste exatamente sobre as anteras e o estigma da flor. A flor tem um formado que oferece uma base perfeita para o pouso e alimentação da vespa. Repare a quantidade de polém aderido à parte de baixo do abdomem da vespa. Será que essa espécie de vespa á a principal polinizadora desta espécie de planta? Diga-se de passagem que essa vespa tem a curiosa caracteristica de levantar o abdomem quando pousada, o que, repita-se, faz com que ela se ajuste com perfeição ao formato da flor.
segunda-feira, 14 de junho de 2010
Abelha esperta
Descobri uma paineira-do-cerrado (Eriotheca pubescens) completamente florida no campus da UnB. Ao me aproximar para fotografá-la, mais uma surpresa: nunca havia visto tamanha concentração de abelhas e mamangavas em uma árvore florida. Ao começar a fotografar as flores sendo freneticamente visitadas pelas abelhas vi uma coisa que me deixou maravilhado: uma espécie de abelha capaz de abrir os botões das flores. Veja o video: http://www.youtube.com/watch?v=nwZ8ROTMwmw
O que me fez perguntar sobre a inteligência dos insetos. A abelha nasce sabendo abrir o botão da flor, este conhecimento está inscrito no seu DNA? Ela descobre por acaso e aprende? Ou apenas é atraída pelo "perfume" do botão da flor e tenta entrar, dando a impressão de que sabe abrir? Como funciona a mente da abelha?
O que me fez perguntar sobre a inteligência dos insetos. A abelha nasce sabendo abrir o botão da flor, este conhecimento está inscrito no seu DNA? Ela descobre por acaso e aprende? Ou apenas é atraída pelo "perfume" do botão da flor e tenta entrar, dando a impressão de que sabe abrir? Como funciona a mente da abelha?
segunda-feira, 31 de maio de 2010
Cacto sem espinhos, pero no mucho.
Caminhando pela 203 Norte, me chamaram a atenção as belíssimas (e estranhas) flores de um cacto que depois fiquei sabendo que se tratava de um (ou uma) "urumbeta" (Nopalea cochenillifera).
O livro que consultei (Plantas Ornamentais no Brasil, de Herri Lorenzi e Moreira de Souza) informa que o cacto é originário do México. Lá ele é cultivado para a criação de cochonilhas, das quais é extraído um corante utilizado para colorir tecidos. Isso explica o nome científico da espécie (cochenillifera). O livro informa também que o caule do cacto é coberto por pequenos espinhos, algo que eu descobri na prática, de uma forma um pouco dolorosa. Depois de segurar no caule (palma ou cladódio) do cacto para tirar uma foto da flor, descobri que meus dedos estavam cheios de minúsculos espinhos, quase trasparentes de tão finos, mas que penetram na pele com uma facilidade impressionante e, como são muito pequenos e frágeis, fica difícil tirar com a unha (a única pinça que eu dispunha na hora). O que explica também outro (enganoso) nome da planta: cardo-sem-espinhos.
Consultando a Wikipedia, fico sabendo que este cacto, além de compor jardins, é usado como cerca viva, e serve também para alimentar o gado e a espécie humana. No Brasil, é muito comum no Nordeste. A mencionada cochonilha que dá nome à espécie se chama, cientificamente, Dactylopius coccus. Para se defender da predação por outros insetos, ela produz o chamado ácido carmínico. O corante elaborado a partir do ácido cármico ("Corante natural carmim de Cochonilha", C.I. 75470 ou E120), serve não apenas para corar tecidos, mas também cosméticos e alimentos (biscoitos, geléias).
A informação abaixo transcrita sobre a história do carmim me impressionou:
"O corante cochonilha é conhecido e utilizado desde as civilizações asteca e maia. A História relata que onze cidades conquistadas por Montezuma no século XV pagaram-lhe um tributo em forma de dois mil cobertores de algodão e quarenta sacos de corante cada. Durante o período colonial mexicano a produção do corante cochonilha (conhecido por grana fina) cresceu rapidamente. Produzido quase exclusivamente em Oaxaca, por produtores indígenas, a cochonilha se tornou o segundo produto em valor exportado do México, superado apenas pela prata. O corante era consumido em larga escala na Europa e seu valor era tão alto no mercado industrial que seu preço chegou a ser negociado na Bolsa de Mercadorias de Londres e Amsterdam.
Após a Guerra da Independência do México, entre 1810–1821, o monopólio da produção de cochonilha chegou ao fim. Produções em larga escala começaram a ser feitas na Guatemala e nas Ilhas Canárias. A demanda por cochonilha diminuiu ainda mais quando surgiu no mercado a alizarina, derivada das raízes da garança (Rubia tinctorum), em 1869 e durante o resto do século XIX com os corantes sintéticos. Isto representou um grande choque para a Espanha, já que que diversas fábricas produtoras de corante cochonilha faliram por não conseguirem competir com seu processo praticamente artesanal de cultivo do inseto face à escala industrial dos corantes sintéticos com seus preços em queda devido ao aumento na produção.
Devido à forte concorrência dos produtos industrializados a produção deste corante praticamente parou durante o século XX e foi mantida apenas com o propósito de manter a tradição indígena mexicana.
Apenas nos últimos anos a cochonilha voltou a ser comercialmente viável. [...] Uma das razões que trouxeram o corante cochonilha de volta ao mercado é o fato de que ele não é tóxico ou cancerígeno como muitos outros corantes vermelhos artificiais. No entanto, há evidências de que um pequeno número de pessoas quando exposta [ao corante] possa ter uma reação de choque anafilático."
Mais uma vez, ao passar por uma planta, não podia imaginar que ela pudesse carregar tanto significado. Ao passar por ela novamente vou enchergar muito mais do que um simples cacto com uma bela flor (o que já seria bastante). Minhas caminhadas serão muito mais ricas, com mais significados e, consequentemente, mais prazerosas. O ato de comer um biscoito com "corante natural carmim de cochonilha" também terá um "sabor" diferente.
Consultando a Wikipedia, fico sabendo que este cacto, além de compor jardins, é usado como cerca viva, e serve também para alimentar o gado e a espécie humana. No Brasil, é muito comum no Nordeste. A mencionada cochonilha que dá nome à espécie se chama, cientificamente, Dactylopius coccus. Para se defender da predação por outros insetos, ela produz o chamado ácido carmínico. O corante elaborado a partir do ácido cármico ("Corante natural carmim de Cochonilha", C.I. 75470 ou E120), serve não apenas para corar tecidos, mas também cosméticos e alimentos (biscoitos, geléias).
A informação abaixo transcrita sobre a história do carmim me impressionou:
"O corante cochonilha é conhecido e utilizado desde as civilizações asteca e maia. A História relata que onze cidades conquistadas por Montezuma no século XV pagaram-lhe um tributo em forma de dois mil cobertores de algodão e quarenta sacos de corante cada. Durante o período colonial mexicano a produção do corante cochonilha (conhecido por grana fina) cresceu rapidamente. Produzido quase exclusivamente em Oaxaca, por produtores indígenas, a cochonilha se tornou o segundo produto em valor exportado do México, superado apenas pela prata. O corante era consumido em larga escala na Europa e seu valor era tão alto no mercado industrial que seu preço chegou a ser negociado na Bolsa de Mercadorias de Londres e Amsterdam.
Após a Guerra da Independência do México, entre 1810–1821, o monopólio da produção de cochonilha chegou ao fim. Produções em larga escala começaram a ser feitas na Guatemala e nas Ilhas Canárias. A demanda por cochonilha diminuiu ainda mais quando surgiu no mercado a alizarina, derivada das raízes da garança (Rubia tinctorum), em 1869 e durante o resto do século XIX com os corantes sintéticos. Isto representou um grande choque para a Espanha, já que que diversas fábricas produtoras de corante cochonilha faliram por não conseguirem competir com seu processo praticamente artesanal de cultivo do inseto face à escala industrial dos corantes sintéticos com seus preços em queda devido ao aumento na produção.
Devido à forte concorrência dos produtos industrializados a produção deste corante praticamente parou durante o século XX e foi mantida apenas com o propósito de manter a tradição indígena mexicana.
Apenas nos últimos anos a cochonilha voltou a ser comercialmente viável. [...] Uma das razões que trouxeram o corante cochonilha de volta ao mercado é o fato de que ele não é tóxico ou cancerígeno como muitos outros corantes vermelhos artificiais. No entanto, há evidências de que um pequeno número de pessoas quando exposta [ao corante] possa ter uma reação de choque anafilático."
Mais uma vez, ao passar por uma planta, não podia imaginar que ela pudesse carregar tanto significado. Ao passar por ela novamente vou enchergar muito mais do que um simples cacto com uma bela flor (o que já seria bastante). Minhas caminhadas serão muito mais ricas, com mais significados e, consequentemente, mais prazerosas. O ato de comer um biscoito com "corante natural carmim de cochonilha" também terá um "sabor" diferente.
segunda-feira, 24 de maio de 2010
A folha-moeda (Chamaecrista orbiculata) e as flores artesanais
Tão interessante quanto encontrar e observar uma nova flor ou planta é depois descobrir o seu nome e as informações sobre ela. Já havia visto muitas vezes flores artesanais como as da foto abaixo.
Quando encontrei esta planta, em uma minuscula área de cerrado no meio da área urbana, não imaginava que estava diante da fonte da matéria prima para a fabricação dessas flores. Ela se chama moeda ou folha-moeda (Chamaecrista orbiculata), por razões óbvias. A folha, redonda, como uma grande moeda, chama a atenção.
No Correio Braziliense encontrei uma interessante matéria sobre o artesanato com plantas e flores secas do cerrado, onde se faz uma especial menção à folha-moeda. Transcrevo parte da matéria:
"Há uma espécie que quase já não se vê nas proximidades da área urbana do DF. É a folha-moeda (Chamaecrista orbiculata, nativa de cerrado com formações rochosas). Depois de passar por fervura em soda cáustica e clareamento com cloro, ela perde a clorofila e, ao secar, se transforma num esqueleto de folha. Banhada em ouro, vira joia. Mas os artesãos da Catedral e da Torre fazem das folhas esqueletizadas flores coloridas. São as mais procuradas. [...]
As folhas-moeda são as [flores artesanais] que dão mais trabalho. No dia seguinte à colheita, dona Maria tira-as dos galhos e junta-as num tonel cheio de água ao qual foi adicionada pequena porção de soda cáustica. A mistura vai ao fogo por mais de duas horas, período em que a planta começa a perder a clorofila. Em seguida, as folhas são fartamente enxaguadas e voltam para o tonel, desta vez temperado com cloro. É ele quem vai alvejar a folha. Por último, vão para a secagem. Daí então podem ser tingidas e estão prontas para serem transformadas em rosas, brincos, porta-guardanapos, arranjos de mesa, bordados. Com elas já se faz até colcha de cama." (http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia182/2009/08/16/cidades,i=135332/ARTESAOS+DAO+VIDA+AS+FLORES+SECAS+DO+CERRADO.shtml
A matéria diz que a folha-moeda ocorre em cerrado com formações rochosas. De fato, a área onde eu a encontrei é uma formação rochosa, com rochas aparentes. Com certeza, foi por isso que ela não foi destruída pelas máquinas que "limparam" a região para formação dos condomínios que existem ali.
Quando encontrei esta planta, em uma minuscula área de cerrado no meio da área urbana, não imaginava que estava diante da fonte da matéria prima para a fabricação dessas flores. Ela se chama moeda ou folha-moeda (Chamaecrista orbiculata), por razões óbvias. A folha, redonda, como uma grande moeda, chama a atenção.
No Correio Braziliense encontrei uma interessante matéria sobre o artesanato com plantas e flores secas do cerrado, onde se faz uma especial menção à folha-moeda. Transcrevo parte da matéria:
"Há uma espécie que quase já não se vê nas proximidades da área urbana do DF. É a folha-moeda (Chamaecrista orbiculata, nativa de cerrado com formações rochosas). Depois de passar por fervura em soda cáustica e clareamento com cloro, ela perde a clorofila e, ao secar, se transforma num esqueleto de folha. Banhada em ouro, vira joia. Mas os artesãos da Catedral e da Torre fazem das folhas esqueletizadas flores coloridas. São as mais procuradas. [...]
As folhas-moeda são as [flores artesanais] que dão mais trabalho. No dia seguinte à colheita, dona Maria tira-as dos galhos e junta-as num tonel cheio de água ao qual foi adicionada pequena porção de soda cáustica. A mistura vai ao fogo por mais de duas horas, período em que a planta começa a perder a clorofila. Em seguida, as folhas são fartamente enxaguadas e voltam para o tonel, desta vez temperado com cloro. É ele quem vai alvejar a folha. Por último, vão para a secagem. Daí então podem ser tingidas e estão prontas para serem transformadas em rosas, brincos, porta-guardanapos, arranjos de mesa, bordados. Com elas já se faz até colcha de cama." (http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia182/2009/08/16/cidades,i=135332/ARTESAOS+DAO+VIDA+AS+FLORES+SECAS+DO+CERRADO.shtml
A matéria diz que a folha-moeda ocorre em cerrado com formações rochosas. De fato, a área onde eu a encontrei é uma formação rochosa, com rochas aparentes. Com certeza, foi por isso que ela não foi destruída pelas máquinas que "limparam" a região para formação dos condomínios que existem ali.
sábado, 15 de maio de 2010
A Natureza dentro de casa II
Da janela do apartamento, um beija-flor-tesoura (Eupetomena macroura). A foto é ruim mas serve de registro.
"Um dos beija-flores mais comuns de Brasília, reconhecível de imediato pelo longo rabo azul escuro, em forma de tesoura. Ocorre nos cerrados, bordas de matas ciliares, jardins das casas e quadras das cidades. Disputa agressivamente o acesso às flores e às garrafinhas de beija-flor com qualquer outra ave. Por ser maior do que as outras espécies comuns, geralmente vence estes confrontos. Antes de atacar, emite um chamado característico, anunciando sua presença. É fácil de se fotografar ou filmar. A reprodução estende-se de outubro a maio. Nessa época, emite um chamado matinal muito diferente, baixo e contínuo, que não lembra o de um beija-flor. Canta pousado em galhos próximos do chão, em áreas abertas. Constrói um ninho espesso, forrado de paina amarela, sobre um galho fino de árvore ou arbusto e em locais relativamente expostos. Não teme a presença humana, faz o ninho em jardins, estacionamentos ou em áreas de cerrado. Põe geralmente dois ovos brancos. O filhote sai do ninho com a cabeça e as costas amarronzadas, além da cauda curta." (Antas, P.T.Z et al. Aves Comuns do Planalto Central. UnB, 2009)
Marcadores:
beija-flor,
beija-flor-tesoura,
Eupetomena macroura
sexta-feira, 14 de maio de 2010
A Natureza dentro de casa
Muitas vezes, não é preciso nem sair de casa para apreciar algumas das "maravilhas" da natureza. Nossas casas e apartamentos são armadilhas para muitos insetos. Outro dia, saindo de casa no final da tarde, encontrei a borboleta abaixo, pousada na coluna da garagem.
E na manhã seguinte avistei a folha abaixo, junto do rodapé da parede. Imagine essa borboleta no meio de folhas secas.
quinta-feira, 13 de maio de 2010
Periquito ladrão de nectar das Paineiras
Ao me aproximar de uma paineira alta e florida notei que no chão haviam muitas flores novas, quando esperava encontrar muitas flores já velhas e murchas. Curiosamente, a base das flores estava comida, e flores novas, mesmo sem vento, continuavam caindo da árvore, em número considerável. No alto da copa, a explicação: uma bando de periquitos (Brotogeris versicolorus) estava se alimentando das flores da paineira. O periquito segura e arranca a flor com a pata, "morde" a base e a joga-a fora. Ele faz isso, com certeza, para se alimentar do nectar da flor.
O nectar atrai abelhas e outros insetos que, em busca de alimento, contribuem, involuntariamente, para a polinização da flor (e a consequente produção de frutos, sementes e eventual reprodução da planta mãe). O periquito, no entanto, "rouba" o nectar sem contribuir para a polinização e a reprodução. Não apenas bica a flor como arranca-a e joga-a fora. Isso não é bom, claro, para as paineiras, mas é importante para os periquitos que, nessa época do ano, parecem encontrar nessa espécie uma fonte abundande de alimento. E, no final das contas, é tanta flor que o prejuízo causado pelos periquitos é pequeno. Não é à-toa que as paineiras produzem tantas flores.
O nectar atrai abelhas e outros insetos que, em busca de alimento, contribuem, involuntariamente, para a polinização da flor (e a consequente produção de frutos, sementes e eventual reprodução da planta mãe). O periquito, no entanto, "rouba" o nectar sem contribuir para a polinização e a reprodução. Não apenas bica a flor como arranca-a e joga-a fora. Isso não é bom, claro, para as paineiras, mas é importante para os periquitos que, nessa época do ano, parecem encontrar nessa espécie uma fonte abundande de alimento. E, no final das contas, é tanta flor que o prejuízo causado pelos periquitos é pequeno. Não é à-toa que as paineiras produzem tantas flores.
quinta-feira, 6 de maio de 2010
As Paineiras e as Mamangavas
Mamangava é o nome mais utilizado e vem da língua tupi (mamã´gab) mas também é chamada de abelhão ou vespa-de-rodeio pois demora para pousar nas flores, fica rodeando... (http://www.meliponariodosertao.com/2009/05/abelha-mamangava.html)
As mamangavas são abelhas solitárias ou sociais de tamanho grande e bastante peludas. Pertencem a várias famílias e os gêneros mais comuns são Bombus, Eulaema, Centris, Xylocopa e Epicharis. A maioria é preta e amarela e quando voam emitem um zumbido alto. As mamangavas são polinizadores importantes e contribuem para a manutenção de muitas espécies nativas.
As mamangavas reramente picam, a não ser que as seguremos com as mãos. Apesar de serem grandes são extremamente dóceis.
Seus ninhos são encontrados no solo ou em ocos de árvores. (http://www.pragas.com.br/pragas/geral/mamangava.php)
quinta-feira, 29 de abril de 2010
A Paineira-branca e seus visitantes
Em uma breve sessão de fotos foi possível observar muitas abelhas, uma espécie de borboleta, de mamangava, de mosca, de vespa e de abelha nativa (cuja foto não ficou boa), visitando uma Paineira-branca (Ceiba glaziovii).
quarta-feira, 28 de abril de 2010
Margarida mexicana invasora
Nas áreas abertas e alteradas ainda existentes no Lago Sul é possível encontrar, em determinada época do ano, com uma frequência considerável, a "margarida" da foto abaixo.
Eu pensava que se tratava de uma espécie nativa, mas estava enganado. Ela é de origem mexicana (segundo http://www.jardineiro.net/br/banco/bidens_sulphurea.php). A espécie se chama Bidens sulphurea, uma espécie de "picão", da familia Asteraceae. Leio que "Asteraceae está entre as principais famílias de plantas invasoras, incluíndo-se aí plantas como o picão-preto (Bidens pilosa), a serralha (Sonchus oleraceus), a vassourinha (Baccharis dracunculifolia), o dente-de-leão (Taraxacum officinale), a losna-branca (Parthenium hysterophorus), o pincel (Emilia fosbergii) e o picão-branco (Galinsoga spp.)." (Botânica Sistemática. Souza, V.C. e Lorenzi, H. Plantarum, 2008).
Leio também que o picão "multiplica-se por sementes, com extrema facilidade, de forma que é considerada planta invasiva em determinadas situações." (http://www.jardineiro.net/br/banco/bidens_sulphurea.php)
Isso explica porque ela cresce sozinha, na beira dos caminhos e ressurge todo ano.
Eu pensava que se tratava de uma espécie nativa, mas estava enganado. Ela é de origem mexicana (segundo http://www.jardineiro.net/br/banco/bidens_sulphurea.php). A espécie se chama Bidens sulphurea, uma espécie de "picão", da familia Asteraceae. Leio que "Asteraceae está entre as principais famílias de plantas invasoras, incluíndo-se aí plantas como o picão-preto (Bidens pilosa), a serralha (Sonchus oleraceus), a vassourinha (Baccharis dracunculifolia), o dente-de-leão (Taraxacum officinale), a losna-branca (Parthenium hysterophorus), o pincel (Emilia fosbergii) e o picão-branco (Galinsoga spp.)." (Botânica Sistemática. Souza, V.C. e Lorenzi, H. Plantarum, 2008).
Leio também que o picão "multiplica-se por sementes, com extrema facilidade, de forma que é considerada planta invasiva em determinadas situações." (http://www.jardineiro.net/br/banco/bidens_sulphurea.php)
Isso explica porque ela cresce sozinha, na beira dos caminhos e ressurge todo ano.
Outra coisa interessante é que o que nos parece ser uma flor é, na verdade, uma inflorescência, um conjunto de flores agrupadas (por isso essas plantas são chamadas de "compostas" e o nome da familia, antes de se chamar Asteraceae, era Compositae).
Leio em http://www.uc.pt/herbario_digital/Flora_PT/Familias/compostas/ que o arranjo floral das compostas, denominado capítulo, "se caracteriza, em linhas gerais, por apresentar muitas flores reduzidas agrupadas de uma forma muito compacta directamente sobre um disco (receptáculo). As flores periféricas deste disco frequentemente apresentam um prolongamento unilateral (lígula), o que, no conjunto, dá o aspecto semelhante a uma flor “normal”. Dado que o número de flores na periferia é variável, o número de “pétalas” (lígulas) também o é, o que muito raramente acontece em outras famílias."
Veja a ilustração:
Esquema geral de um capítulo, em dois estádios do desenvolvimento – em flor (na ântese) e quando da maturação dos frutos. O esquema foi inspirado nas características de várias espécies, para mostrar um pouco da variação que pode haver. As flores e frutos foram desenhados afastados para melhor compreensão; na realidade, estes encontram-se dispostos de forma compacta.
"O capítulo, então, assemelha-se em forma e função a uma só flor, no entanto, é constituído por um agregado de inúmeras pequenas flores, em que geralmente as externas se tornam vistosas pelo desenvolvimento da lígula, e as internas são pequenas e pouco vistosas."
E, o que é mais interessante, "esta estratégia, que basicamente é uma divisão de tarefas, reduz o investimento necessário para a atração dos polinizadores, pois apenas uma pequena porção das flores é que produz uma “pétala”, beneficiando todas as outras desse esforço."
Portanto, quando alguém arranca as "pétalas" de uma margarida, no bem-me-quer, mal-me-quer, está, na verdade, arrancando as lígulas ou as flores periféricas.
(Convém registrar: "nem todas as espécies das compostas apresentam os capítulos como acima descritos" e "os capítulos não são exclusivos desta família")
(Convém registrar: "nem todas as espécies das compostas apresentam os capítulos como acima descritos" e "os capítulos não são exclusivos desta família")
segunda-feira, 26 de abril de 2010
A utilidade da identificação botânica
Quando fiz a foto abaixo, caminhando pelo Jardim Botânico de Brasília, não sabia que espécie era. Com a ajuda de um amigo botânico, descobri que se tratava de um indivíduo de Vernonia aurea.
Por curiosidade, fiz uma busca na internet usando o nome da espécie. Logo de início descobri um artigo muito interessante sobre "efeito de borda", usando a Vernonia aurea como espécie indicadora (http://www.botanica.org.br/acta/ojs/index.php/acta/article/view/207/50). E, lendo o artigo, fiquei sabendo que a Vernonia aurea "é uma espécie de porte arbustivo (~1,0 a 1,5 m de altura), comum em ambientes degradados (espécie pioneira) e considerada uma planta daninha em pastagens (Lorenzi 2000; Farias et al. 2002; Lara et al. 2003). Isso explica porque encontrei a Vernonia aurea em abundância ao longo das trilhas e estradas abertas (ambientes degradados) no Jardim Botânico (pressupondo que a densidade da espécie seja menor nas áreas mais distantes das bordas das trilhas e estradas, o que eu não sei se é verdade). De qualquer forma, veja como a indentificação botânica de uma espécie nos ajuda a compreender o que observamos em um ambiente natural.
Por curiosidade, fiz uma busca na internet usando o nome da espécie. Logo de início descobri um artigo muito interessante sobre "efeito de borda", usando a Vernonia aurea como espécie indicadora (http://www.botanica.org.br/acta/ojs/index.php/acta/article/view/207/50). E, lendo o artigo, fiquei sabendo que a Vernonia aurea "é uma espécie de porte arbustivo (~1,0 a 1,5 m de altura), comum em ambientes degradados (espécie pioneira) e considerada uma planta daninha em pastagens (Lorenzi 2000; Farias et al. 2002; Lara et al. 2003). Isso explica porque encontrei a Vernonia aurea em abundância ao longo das trilhas e estradas abertas (ambientes degradados) no Jardim Botânico (pressupondo que a densidade da espécie seja menor nas áreas mais distantes das bordas das trilhas e estradas, o que eu não sei se é verdade). De qualquer forma, veja como a indentificação botânica de uma espécie nos ajuda a compreender o que observamos em um ambiente natural.
A utilidade da classificação botânica
Caminhando no cerrado do Jardim Botânico de Brasília, encontrei e fotografei a flor abaixo. Enviei-a para um amigo botânico pedindo-o para me ajudar a identificá-la.
Dias depois, estava fotografando um Hibiscus de jardim, com flores amarelas, quando notei a semelhança da sua estrutura reprodutiva com a da flor do Jardim Botânico. Imaginei que talvez pertencessem à mesma família (Malvaceae) ou, quem sabe, ao mesmo gênero.
De fato, meu amigo identificou a flor do cerrado como sendo da espécie Pavonia grandiflora, que pertence à família Malvaceae. Este é um exemplo prático da utilidade da classificação botânica. Conhecer uma planta ajuda a identificar outra parecida. Saber que uma planta pertence a um determinado grupo, ajuda a conhecer suas características biológicas e ecológicas.
Dias depois, estava fotografando um Hibiscus de jardim, com flores amarelas, quando notei a semelhança da sua estrutura reprodutiva com a da flor do Jardim Botânico. Imaginei que talvez pertencessem à mesma família (Malvaceae) ou, quem sabe, ao mesmo gênero.
De fato, meu amigo identificou a flor do cerrado como sendo da espécie Pavonia grandiflora, que pertence à família Malvaceae. Este é um exemplo prático da utilidade da classificação botânica. Conhecer uma planta ajuda a identificar outra parecida. Saber que uma planta pertence a um determinado grupo, ajuda a conhecer suas características biológicas e ecológicas.
Marcadores:
"Pavonia grandiflora",
classificação botânica,
hibiscus
domingo, 25 de abril de 2010
Vernonia aurea e seus visitantes 2
Mais dois visitantes observados em Vernonia aurea: uma vespa e outra espécie de abelha nativa. Se voce ampliar a foto, observe as bolas de polém nas patas traseiras da abelha. Não é fantástico?
quinta-feira, 22 de abril de 2010
Vernonia aurea e seus visitantes
Em 20 minutos de observação as flores da espécie foram visitadas por cinco insetos diferentes: os dois dipteros, abelhas e a borboleta das fotos, e ainda por outra espécie de borboleta (cujas foto não ficou boa). Quando a gente olha para as pequenas flores da Vernonia aurea na beira do caminho não dá muito por ela mas veja quantos insetos ela alimenta. E a florzinha, vista de perto, encanta. Veja mais fotos em http://www.flickr.com/photos/mercadanteweb/sets/72157623907519422/
Assinar:
Postagens (Atom)