sábado, 14 de maio de 2011

Borboleta-do-manacá (Methona themisto)

Methona themisto by Mauricio Mercadante
Methona themisto, a photo by Mauricio Mercadante on Flickr.
Fotografei essas borboletas (Methona temisto, descobri depois), no jardim da casa da minha mãe. Meses depois, fotografei, no mesmo jardim, as flores do Manacá-de-cheiro (Brunfelsia uniflora). Pesquisando na internet sobre o Manacá fiquei sabendo que as lagartas da mencionada borboleta só se alimentam da folha do Manacá. Voltei a ler sobre a M. themisto e aprendi que ela se chama, vulgarmente, Borboleta-do-manacá. No momento em que fotografei as borboletas não pude imaginar que havia uma razão mais do que forte para elas estarem ali.

Brunfelsia uniflora
Manacá-de-cheiro (Brunfelsia uniflora)

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Cigarras abortadas

Quando chegam as chuvas, começa também a temporadas das cigarras em Brasília. Impressiona o número de cigarras que deixam o solo para acasalar e reproduzir. Isso pode ser aferido pelo número de cascas presas nas árvores, de indivíduos voando e pela intensidade do canto. Me chamou a atenção, no entorno de algumas árvoes, o número de cigarras que não conseguem completar o processo de saída da casca e morrem sem conseguir reproduzir. Algumas não chegam a sair da casca, muitas não conseguem desdobrar completamente as asas. Devem ser, percentualmente, muito poucas, mas em número suficiente para chamar a atenção.



Onde está a cigarra?


Onde está a cigarra? Mais um bom exemplo de mimetismo para despistar os predadores. 


sábado, 17 de julho de 2010

Colméia gigante

Ao começar a observar e fotografar as árvores floridas de Brasília me dei conta da enorme importância das abelhas para a polinização das flores. A quantidade de abelhas visitando as flores, em alguns casos, é impressionante. Nessas horas, sempre me pergunto: de onde vêm essas abelhas, onde estão as colméias?  Para o meu encantamento, no alto de um ipê-roxo, no meio da cidade, descobri uma enorme e belíssima colmeia.



Um vídeo com a colmeia pode ser visto em http://www.youtube.com/watch?v=fTvxHmdDvJk.

sábado, 19 de junho de 2010

Casamento perfeito entre inseto e planta

O encaixe perfeito entre uma flor e seu polinizador, que pode ser um inseto, como uma abelha ou uma vespa, ou um pássaro, como um beija-flor, nos deixa sempre, por mais que já tenhamos visto isso, maravilhados. A foto abaixo mostra uma vespa alimentando-se do nectar da flor de uma planta do cerrado (da família Fabaceae, não sei a espécie ainda).


Observe como o tamanho e a postura da vespa faz com que seu abdome enconste exatamente sobre as anteras e o estigma da flor. A flor tem um formado que oferece uma base perfeita para o pouso e alimentação da vespa. Repare a quantidade de polém aderido à parte de baixo do abdomem da vespa. Será que essa espécie de vespa á a principal polinizadora desta espécie de planta? Diga-se de passagem que essa vespa tem a curiosa caracteristica de levantar o abdomem quando pousada, o que, repita-se, faz com que ela se ajuste com perfeição ao formato da flor.


segunda-feira, 14 de junho de 2010

Abelha esperta

Descobri uma paineira-do-cerrado (Eriotheca pubescens) completamente florida no campus da UnB. Ao me aproximar para fotografá-la, mais uma surpresa: nunca havia visto tamanha concentração de abelhas e mamangavas em uma árvore florida. Ao começar a fotografar as flores sendo freneticamente visitadas pelas abelhas vi uma coisa que me deixou maravilhado: uma espécie de abelha capaz de abrir os botões das flores. Veja o video: http://www.youtube.com/watch?v=nwZ8ROTMwmw

O que me fez perguntar sobre a inteligência dos insetos. A abelha nasce sabendo abrir o botão da flor, este conhecimento está inscrito no seu DNA? Ela descobre por acaso e aprende? Ou apenas é atraída pelo "perfume" do botão da flor e tenta entrar, dando a impressão de que sabe abrir? Como funciona a mente da abelha?

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Cacto sem espinhos, pero no mucho.

Caminhando pela 203 Norte, me chamaram a atenção as belíssimas (e estranhas) flores de um cacto que depois fiquei sabendo que se tratava de um (ou uma) "urumbeta" (Nopalea cochenillifera).



O livro que consultei (Plantas Ornamentais no Brasil, de Herri Lorenzi e Moreira de Souza) informa que o cacto é originário do México. Lá ele é cultivado para a criação de cochonilhas, das quais é extraído um corante utilizado para colorir tecidos. Isso explica o nome científico da espécie (cochenillifera). O livro informa também que o caule do cacto é coberto por pequenos espinhos, algo que eu descobri na prática, de uma forma um pouco dolorosa. Depois de segurar no caule (palma ou cladódio) do cacto para tirar uma foto da flor, descobri que meus dedos estavam cheios de minúsculos espinhos, quase trasparentes de tão finos, mas que penetram na pele com uma facilidade impressionante e, como são muito pequenos e frágeis, fica difícil tirar com a unha (a única pinça que eu dispunha na hora). O que explica também outro (enganoso) nome da planta: cardo-sem-espinhos.

Consultando a Wikipedia, fico sabendo que este cacto, além de compor jardins, é usado como cerca viva, e serve também para alimentar o gado e a espécie humana. No Brasil, é muito comum no Nordeste. A mencionada cochonilha que dá nome à espécie se chama, cientificamente, Dactylopius coccus. Para se defender da predação por outros insetos, ela produz o chamado ácido carmínico. O corante elaborado a partir do ácido cármico ("Corante natural carmim de Cochonilha", C.I. 75470 ou E120), serve não apenas para corar tecidos, mas também cosméticos e alimentos (biscoitos, geléias).

A informação abaixo transcrita sobre a história do carmim me impressionou:

"O corante cochonilha é conhecido e utilizado desde as civilizações asteca e maia. A História relata que onze cidades conquistadas por Montezuma no século XV pagaram-lhe um tributo em forma de dois mil cobertores de algodão e quarenta sacos de corante cada. Durante o período colonial mexicano a produção do corante cochonilha (conhecido por grana fina) cresceu rapidamente. Produzido quase exclusivamente em Oaxaca, por produtores indígenas, a cochonilha se tornou o segundo produto em valor exportado do México, superado apenas pela prata. O corante era consumido em larga escala na Europa e seu valor era tão alto no mercado industrial que seu preço chegou a ser negociado na Bolsa de Mercadorias de Londres e Amsterdam.

Após a Guerra da Independência do México, entre 1810–1821, o monopólio da produção de cochonilha chegou ao fim. Produções em larga escala começaram a ser feitas na Guatemala e nas Ilhas Canárias. A demanda por cochonilha diminuiu ainda mais quando surgiu no mercado a alizarina, derivada das raízes da garança (Rubia tinctorum), em 1869 e durante o resto do século XIX com os corantes sintéticos. Isto representou um grande choque para a Espanha, já que que diversas fábricas produtoras de corante cochonilha faliram por não conseguirem competir com seu processo praticamente artesanal de cultivo do inseto face à escala industrial dos corantes sintéticos com seus preços em queda devido ao aumento na produção.

Devido à forte concorrência dos produtos industrializados a produção deste corante praticamente parou durante o século XX e foi mantida apenas com o propósito de manter a tradição indígena mexicana.

Apenas nos últimos anos a cochonilha voltou a ser comercialmente viável. [...] Uma das razões que trouxeram o corante cochonilha de volta ao mercado é o fato de que ele não é tóxico ou cancerígeno como muitos outros corantes vermelhos artificiais. No entanto, há evidências de que um pequeno número de pessoas quando exposta [ao corante] possa ter uma reação de choque anafilático."

Mais uma vez, ao passar por uma planta, não podia imaginar que ela pudesse carregar tanto significado. Ao passar por ela novamente vou enchergar muito mais do que um simples cacto com uma bela flor (o que já seria bastante). Minhas caminhadas serão muito mais ricas, com mais significados e, consequentemente, mais prazerosas. O ato de comer um biscoito com "corante natural carmim de cochonilha" também terá um "sabor" diferente.